A Sign of Affection (Yubisaki to Renren) – Um romance sensível sobre comunicação e afeto

A Sign of Affection (ゆびさきと恋々, Yubisaki to Renren) é um mangá shōjo criado pelo duo Suu Morishita e publicado desde 2019 na revista Dessert, da Kodansha. A obra ficou conhecida por tratar de forma delicada a comunicação entre pessoas com diferentes experiências de vida, usando o romance como ponte para falar de inclusão, respeito e amadurecimento. Em 2024, a história ganhou adaptação em anime pelo estúdio Ajia-do Animation Works, exibida entre janeiro e março, totalizando 12 episódios. Com um traço suave, paleta de cores acolhedora e ritmo contemplativo, o anime dialoga com quem procura um romance maduro, centrado em gestos, silêncios e pequenas conquistas do dia a dia.
Sinopse
A protagonista é Yuki Itose, uma universitária surda desde o nascimento. Embora utilize aparelho auditivo, Yuki se comunica principalmente por língua de sinais japonesa, leitura labial e mensagens de texto. Seu mundo é organizado, gentil e silencioso, mas não isolado: ela tem o apoio de amigos, uma rotina acadêmica que a estimula e curiosidade por experiências novas. Tudo muda quando, num trem lotado, Yuki recebe ajuda de Itsuomi Nagi, estudante mais velho, viajante, multilíngue e naturalmente atencioso. A forma respeitosa como ele se interessa por sua maneira de se comunicar desperta nela um sentimento difícil de nomear, e Itsuomi, por sua vez, passa a enxergar a linguagem, o toque e a atenção com uma profundidade inédita.
A partir desse encontro, a relação entre os dois cresce aos poucos: mensagens que evitam ruídos, encontros planejados pensando na acessibilidade, tentativas de Itsuomi de aprender sinais, e a coragem de Yuki de sair da zona de conforto para explorar cafés, viagens e novas amizades. É um romance de slow burn em que a tensão não vem de mal-entendidos forçados, mas de nuances: ciúmes discretos, inseguranças sobre o futuro e a vontade de proteger o outro sem sufocar sua autonomia. Ao redor deles, amigos e conhecidos formam uma rede de apoio e, às vezes, de ruído — nunca como vilões, mas como pessoas reais com desejos e limitações.

Personagens Principais
Yuki Itose
Gentil, observadora e determinada, Yuki aprendeu a construir pontes no cotidiano com paciência e criatividade. Seu arco é sobre autoconfiança: entender que suas necessidades de comunicação não são “um problema a ser resolvido”, mas uma parte de quem ela é. Ao aceitar convites para sair, ensinar sinais e expressar sentimentos, Yuki transforma silêncio em presença, mostrando que intimidade nasce do respeito ao ritmo do outro.
Itsuomi Nagi
Estudante de curso voltado a línguas e culturas, viajante frequente e curioso por natureza. Itsuomi não é “salvador” nem “gênio romântico”; sua força está em ouvir de verdade. Ele busca aprender língua de sinais, evita suposições e não trata Yuki como alguém frágil, mas como parceira. Seu conflito está em equilibrar a vida em movimento com o desejo de criar raízes ao lado de alguém que o inspira a comunicar mais do que palavras.
Ōshi Ashioki
Amigo de infância de Yuki e um dos poucos que já domina língua de sinais. Protetor e, às vezes, ciumento, ele representa o conforto do conhecido. Sua jornada é aceitar que cuidado não é controle e que a felicidade de Yuki pode existir fora da memória compartilhada dos dois.
Ema Nakazono
Amiga de Itsuomi que nutre sentimentos por ele. Ema não é antagonista caricata; sua presença traz inseguranças reais para Yuki e questiona o quanto os protagonistas conseguem, de fato, se comunicar sobre o que sentem. A maturidade do roteiro aparece quando os personagens confrontam vulnerabilidades sem reduzir ninguém a “vilão”.
Rin Fujishiro & Kyōya
Rin é a melhor amiga de Yuki, prática, calorosa e sempre presente — ela ajuda em transcrições de aula e incentiva Yuki a aplicar para experiências novas. Seu relacionamento com Kyōya, dono de uma boate local, cria um fio paralelo de romance que ecoa os temas centrais: aprender o vocabulário emocional do outro, errar, pedir desculpas e tentar de novo.
Shin Ōgai
Amigo de Ema e Itsuomi, Shin dá respiro cômico e opinião honesta quando os sentimentos embolam. Sua perspectiva revela como, em um grupo de amigos, cada gesto — uma carona, um recado, um convite — pode facilitar ou complicar conversas importantes.

Temas e Tom da Obra
O anime trabalha comunicação não verbal como linguagem do romance. Olhares, mãos, pausas e risos contidos dizem tanto quanto frases longas. Em vez de conflitos estrondosos, a narrativa investe em nuances: quem manda a primeira mensagem, quem aprende um novo sinal, quem observa o tempo do outro. Há um cuidado notável com acessibilidade — escolhas de enquadramento, uso de mensagens na tela e timing das legendas —, tornando a experiência convidativa para diferentes públicos.
Outro tema é o crescimento mútuo. Yuki testa limites para viajar e conhecer novos lugares; Itsuomi descobre prazer em desacelerar. Ōshi aprende a confiar; Ema elabora rejeição e amizade. O resultado é um romance “sem vilões” em que os obstáculos são humanos: medo de perder, dificuldade de se expor, receio de não ser compreendido. É uma história que conforta sem ser ingênua.
Recepção
O anime foi recebido com entusiasmo por fãs de romances sensíveis, destacando-se em listas de melhores do ano por seu visual elegante, direção sóbria e química silenciosa dos protagonistas. Críticas elogiam a representação respeitosa da deficiência auditiva de Yuki e o cuidado em transformar o cotidiano em poesia visual. Mesmo com apenas 12 episódios, a temporada fecha arcos emocionais importantes e convida o público a continuar a jornada no mangá para aprofundar a relação e explorar viagens e conversas que a animação apenas inicia.
Novidades
Até o momento, não há anúncio oficial de uma segunda temporada. A boa notícia é que o mangá segue adiante, oferecendo material para quem deseja continuar de onde o anime parou. Leitores costumam indicar a continuidade a partir dos capítulos imediatamente posteriores ao final do episódio 12, onde se intensificam viagens, encontros mais longos e conversas sobre futuro. A popularidade crescente do título mantém viva a expectativa por novos projetos — de eventos especiais a possíveis extensões animadas —, mas por ora o caminho canônico para o “e depois?” é acompanhar a publicação impressa.

Conclusão
A Sign of Affection é um lembrete de que amar também é aprender a linguagem do outro — às vezes literal, às vezes emocional. Yuki e Itsuomi mostram que intimidade nasce em gestos cotidianos: esperar a mensagem chegar, repetir um sinal com carinho, anotar palavras novas, propor um passeio acessível. Para quem gosta de romances com atmosfera acolhedora, personagens gentis e foco em respeito, esse título é uma escolha certeira. E para quem deseja mais após o anime, o mangá aprofunda viagens, sonhos e decisões que ampliam o vocabulário desse afeto delicado.